sábado, 13 de agosto de 2011

Celibato: Um chamado de Deus, um dom do Espírito, uma resposta minha


Quem nunca sentiu uma chama arder nas entranhas ao meditar no Evangelho de são Marcos “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito e de todas as tuas forças.”( Mc 12,30)? Que grandioso convite Deus nos instiga, através do evangelista.
Quantas vezes a sociedade julga esse dom tão belo apenas como renúncia ao envolvimento sexual. Ser celibatário não é apenas abster-se de um relacionamento afetivo-sexual com um semelhante do sexo oposto. É canalizar toda essa potência de amor e doação, que todos naturalmente nasceram capacitados, ao serviço de Deus e da humanidade. Devendo esse amor que não nasce "nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus" (Jo 1,13) ser vivido de uma forma totalitária e "sem distinção de pessoas," (At 10,34).
Esse chamado especial de amar não deve ser expressado partindo de nossa limitação humana, pecadora e infiel. Mas, chamados a amar com o coração e a liberdade de Deus, amando a todas as pessoas sem ligar-se a nenhuma e sem excluir alguma, não agindo com critérios de simpatia ou afeto. A exemplo do próprio Jesus, amar aqueles que mais eram julgados de não serem dignos de amor.
Consciente do papel diferenciado que é chamado na sociedade, o celibatário deve amar em particular quem é mais tentado a não se sentir amável ou quem realmente não é amado.
O que vivifica a vocação é o amor. Como “todo” amor, o que move primariamente a vocação não é a renúncia a instintos e tentações, muito menos dizer não a experiência de amar e ser amado. Também não nasce de um desejo e pretensão de perfeição ou de uma imposição doutrinária e canônica. Muito menos de uma imposição interna como medo do outro sexo, desengano de relacionamentos anteriores ou fuga da homossexualidade. A escolha em atender ao chamado de Deus pelo celibato, em vista do Reino, consiste no amor, tem sua fonte e fim no amar.
Descobrir a beleza Daquele a quem contemplamos como nosso Pai, Senhor, Salvador e Amado e experimentar a potência da minha capacidade de amar sem medidas, quando amo com o seu coração é a água de nosso chamado. Água essa que nutre quando se há aridez, purifica quando se há sujeira em enxergar e rega quando se deseja crescer.
O Amado de nossa vocação é Deus e tudo que Ele leva consigo. Espiritualmente podemos citar: a Eucaristia sendo vivenciada como memorial vivo da Paixão e Ressurreição de Nosso Senhor, celebrado pela Igreja Universal. O respeito e incentivo às devoções populares (coerentes com a sã doutrina) que o povo simples de Deus tributa ao Senhor com amor e fervor. A oração pessoal como momento de intimidade com o Esposo. Vivendo e buscando conformidade com o agir de Deus, fazendo tudo por, para, com e em Maria Santíssima.
            Contudo, o amor divino e humano não se rivaliza ou rompe-se, pois o objeto de nosso amor é também o próximo. Principalmente o próximo que o Senhor confiou aos nossos cuidados: àqueles que desejam consagrarem-se a Jesus pelas mãos da Virgem Maria, as crianças e jovens catequizados por nosso Carisma e ao Clero que somos chamados não apenas a rezar mas a exortar a sua adoção espiritual.
            Brota de nosso coração a dúvida de como amar. Podemos afirmar que amar com totalidade é amar a Deus com o coração humano e amar a Criatura com afeição divina. Amar com nosso coração de carne educado pela liberdade de Deus a amar com a Sua altura, largura e intensidade. Como Jesus e a Virgem Maria na Cruz, que amaram a Deus acima de tudo e o homem distante de Deus com o pecado.
É certo que a renúncia aos laços definitivos e exclusivos com qualquer criatura é renunciado ao abraçar o amor de Deus com o coração pleno. Não preferindo e nem excluindo por instinto, espontânea atração e nem interesse pessoal. Mas essa renúncia em vista d’Aquele que será abraçado, parece-nos suave e necessária para que alarguem-nos os braços a fim de estar abraçando ainda nesta terra o que havemos de  desfrutar e adentrar plenamente no Céu.
Esposo(a) do Eterno, olhai e vede quão suave é o Senhor! E toda a figura desse amor terreno perderá seu brilho e com os olhos além do horizonte dessa vida já podereis vislumbrar as núpcias com Aquele que nosso coração ama e busca sem cessar(Ct 3,1).
Ó Virgem Maria, Esposa das esposas, ensinai-nos o querer do Amado e ajudai-nos a empreender tudo para a sua plena realização. Guardai-nos santos, imaculados e irrepreensíveis aos olhos do Pai a fim de que sejamos receptáculo e dispenseiros desse amor à humanidade. Abrasai-nos com as chamas de Vosso Coração Imaculado e inflamai-nos com a Vossa caridade ardente. Dai-nos uma fé pura e uma esperança firme nas promessas da eternidade para que ainda nesta terra cantemos um cântico novo ao Senhor. Ó Mãe Fiel, sendo Vós o nosso modelo, orientai a nossa vida para que sejam oferecidas como primícias ao Cordeiro. Amém!


 


Isabelle de Maria

Consagrada a Nossa Senhora.






Para citar esse artigo:
Isabelle de Maria - "Celibato: Um chamado de Deus, um dom do Espírito, uma resposta minha"
Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus
 http://formacaodiscipulosdamaededeus.blogspot.com/2011/08/celibato-um-chamado-de-deus-um-dom-do.html
Online, 13/08/2011

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