quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Apresentação de Nossa Senhora por Pe. Jailton

por Pe. Jailton (para a festa de Nossa Senhora da Apresentação em 21/11/2010)

A nossa Igreja prepara-se para celebrar a festa de Nossa Senhora da Apresentação, Padroeira da Arquidiocese e da cidade do Natal. A origem desta festa, que lembra a apresentação de Nossa Senhora no templo, conhece-mo-la não pelos evangelhos canônicos, mas por informações extra-bíblicas (especialmente pelo proto-Evangelho de Tiago), o que não significa dizer que a festa careça de probabilidade  histórica. Conforme piíssima tradição, Maria Santíssima, com apenas três anos, foi pelos  pais, São Joaquim e Sant’Ana, em cumprimento de uma promessa, levada ao templo, para ali, com outras  meninas, receber educação adequada  à sua idade e  posição, mas sobretudo para consagrar-se ao Senhor. A promessa consistia em oferecer a Deus um filho ou filha que viesse a nascer dos dois, pois como se sabe eram de idade avançada, Ana era estéril e sofria os preconceitos de sua sociedade por não haver gerado. A Igreja do Oriente realçou este fato com as honras de uma festa litúrgica. A Igreja do Ocidental assumiu também para si, a comemoração da Apresentação de Nossa Senhora a partir o século VIII.  Instituída primordialmente pelo Papa Gregório XI, em 1372,  em Avignon, em 1585, Sixto V estabeleceu que tal festa fosse celebrada por toda a Igreja.
Não erramos em supor que Joaquim e Ana, quando levaram a filhinha ao templo, fizeram-no por inspiração sobrenatural, querendo Deus que desde a conceição foi preservada imune da macula original em vista dos méritos do seu Filho, Salvador e Redentor nosso, recebesse educação e  instrução esmeradíssima.
Sem dúvida, para Maria, a criança entre todas mais privilegiada, reconhecia em tudo uma solene  consagração da  vida a Deus, a oferta de  si mesma ao Supremo Senhor. O que oferecia, era a oferta das primícias, e as primícias,  são preciosas  por serem uma demonstração da generosidade do ofertante, e uma homenagem a quem as recebe.  Maria ofereceu-se plena e eternamente. O que o salmista cantou, cheio de  júbilo, traduziu-se na alma da bem-aventurada menina:  “Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos! A minha alma suspira e  desfalece pelos  átrios do Senhor” (Sl 84, 2).  “Subirei ao altar de  Deus;  do Deus que alegra a minha mocidade” (Sl 42, 4).
Que liberdade de espírito, tanto nos santos pais como na augusta menina!  Que grandeza para o céu e para a terra! O que encanta o Criador e lhe atrai a  graça, em toda a plenitude edifica e enleva a  todos que se ocupam deste mistério na vida de Nossa Senhora. Poderá haver coisa mais bela que a piedade, o desprendimento completo no serviço do Senhor?
            A vida de Nossa Senhora no templo acertadamente foi a  mais santa, a mais perfeita que se pode imaginar. O templo era a morada de Deus e  na proximidade de  Deus se deleitava a pequena e bela alma em flor.  “O passarinho acha casa para si e a rôla ninho nos altares do Senhor dos Exércitos, onde um dia é melhor que mil nas mansões dos pecadores” (Sl 83, 4).  Santo era o lugar onde ela habitava. Era o templo onde os antepassados tinham feito orações, celebrado as festas; era o templo onde se achava a Arca da Aliança, o trono de Deus entre o povo;  era  o templo onde as profecias  diziam que o Messias devia fazer entrada.
             Como Jesus, também Maria cresceu em graça e  sabedoria diante de Deus e dos homens. Este crescimento os Padres da Igreja contemplam-no em belas imagens no mesmo livro do Eclesiástico: “Sou  exaltada qual cedro no Líbano, e qual cipreste no monte Sião. Sou exaltada qual palma de Engadi e como rosais em Jericó. Qual oliveira especiosa nos campos e  qual plátano, sou exaltada junto da água nas praças. Assim como o cinamomo e o bálsamo que difundem cheiro, exalei fragrância; como a  mirra escolhida derramei odor de suavidade na minha habitação;  como uma vide, lancei flores de um agradável perfume e as  minhas flores são frutos de honra e de  honestidade”(Eclo 24, 17-20).  Nunca houve meninice tão santa como a  de Maria Santíssima. Outra não poderia ser, pois estava em função da realização do mistério dos mistérios:  a  Encarnação do Verbo Eterno que veio habitar entre nós.




Pe. Jailton Soares é escravo de amor desde seminarista e hoje exerce a função de vigário paroquial da Catedral de Nossa Senhora da Apresentação

Nenhum comentário:

Postar um comentário