quinta-feira, 18 de novembro de 2010

DOGMA MARIANO II: Imaculada Conceição

por Maria Cristina

Para ser a Mãe do Salvador, Maria “foi enriquecida por Deus com dons dignos para tamanha função”. No momento da Anunciação, o anjo Gabriel a saúda como “cheia de graça”. Efetivamente, para poder dar o assentimento livre de Sua fé ao anúncio de Sua vocação era preciso que Ela estivesse totalmente revestida da graça de Deus.

Ao longo dos séculos, a Igreja tomou consciência de que Maria, “cumulada de graça” por Deus, foi redimida desde a concepção. É isso que confessa o Dogma da Imaculada Conceição, proclamado em 1854 pelo papa Pio IX:

A beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de Sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha do pecado original (CIC §491).

Esta “santidade resplandecente, absolutamente única” da qual Maria é “enriquecida desde o primeiro instante de Sua conceição” lhe vem inteiramente de Cristo: “Em vista dos méritos de Seu Filho, foi redimida de um modo mais sublime”. Mais do que qualquer outra pessoa criada, o Pai “abençoou com toda a sorte de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo” (Ef 1,3). Ele a “escolheu nele (Cristo), desde antes da fundação do mundo, para ser santa e imaculada em Sua presença, no amor” (Ef 1,4) (CIC § 493).

A Igreja do Oriente, segundo consta no Catecismo da Igreja Católica, diz, em sua tradição, que: “Os Padres da tradição oriental chamam a Mãe de Deus ‘a toda santa’ (Pan-hagia), celebram-na como imune de toda a mancha de pecado, tendo sido plasmada pelo Espírito Santo, e, formada como uma nova criatura’. Pela graça de Deus, Maria permaneceu pura de todo pecado pessoal ao longo de toda a sua vida”(CIC, 493). Os teólogos chamados de imaculatistas defendiam o privilégio da Virgem Maria. Os imaculatistas que defendiam ser Maria Imaculada opunham-se ao chamados maculatistas, que também tinham Nossa Senhora como toda bela e formosa, a “cheia de graça”, mas não compartilhavam da idéia Dela estar acima do pecado original, ou seja, Nela não ter a mancha do pecado. Queriam os maculatistas, salvaguardar a doutrina da redenção operada por Cristo em favor de todas as criaturas. Eles argumentavam que Adão e Eva foram criados em estado de graça, mas contraíram uma dívida com Deus, pela desobediência: o pecado original. Em conseqüência disto, foi transmitido o pecado a toda humanidade. Os maculatistas interrogavam: se Maria era Imaculada, então não precisou da redenção de cristo?

Duns Scoto foi o teólogo que argumentou, historicamente, em favor do privilégio mariano, baseando-se na Redenção Preventiva. Ele encontrou a fórmula que solucionava a dificuldade de admitir que também Nossa Senhora como filha de Adão e Eva devia está sujeita ao pecado original. Ele pregava que Maria, Virgem Singular, foi preservada deste pecado, em previsão dos méritos de Cristo, com antecipada aplicação da redenção universal de Jesus. Duns Scoto afirmava assim, que Maria teria sido redimida de uma forma mais sublime, mais excelsa: Ela não teria sido libertada do pecado como o resto da humanidade, mas preservada do pecado. Nossa Senhora não teria sido chamada como a Cheia de Graça se estivesse sob o domínio do pecado.

Todos nascemos com a herança do pecado original. Colocamo-nos na comunhão com Deus através do Batismo, que pelos merecimentos de Cristo, nos une novamente a Deus como filhos. A toda formosa, minha companheira, não precisou desse batismo para ser purificada, pois pelos méritos previstos de Cristo, Ela foi batizada na Graça já em Sua conceição. Nela não há mácula da culpa primeira.

Era sumamente conveniente que Deus preservasse a Rainha da Paz, do pecado original e de suas seqüelas, pois era Ela, destinada a ser mãe de Seu Filho. Ele afirmava que Deus não está condicionado pelo tempo: Ele pode ter aplicado antes de Cristo os méritos que Cristo adquiriria pela Sua morte e ressurreição. Isto era possível para a Onipotência de Deus. Perante esta sutil, mas irretorquível argumentação, os teólogos concordaram em aceitar esta doutrina, pois, este privilégio é dom gratuito e foi concedido apenas à Virgem e a ninguém mais, em previsão dos méritos de Cristo, porque a Maria Santíssima a redenção foi aplicada antes da morte do Senhor.

O Dogma da Imaculada Conceição teve como base as seguintes escrituras:
- “Porei ódio entre ti e a Mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu ferirás o calcanhar” (Gn 3,15);

- “Entrando, o anjo disse-lhe: ‘Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo’” (Lc 1,28).
- “E exclamou em alta voz: ‘Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre’” (Lc 1,42)


Por fim, o Dogma da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem, não obscurece, pelo contrário, contribui admiravelmente para melhor pôr em relevo os efeitos da Graça redentora de Cristo na natureza humana. “Para Maria, primeira remida por Cristo, a qual teve o privilégio de não ser submetida nem sequer por um momento ao poder do mal e do pecado, olham os cristãos, como para o modelo perfeito do ícone daquela santidade (cf LG, 65), que são chamados a alcançar, com a ajuda da graça do Senhor, na sua vida (Papa João Paulo II).

Fontes:
CATECISMO da Igreja Católica: Edição típica Vaticana. São Paulo: Loyola, 2000.
AQUINO, Felipe Rinaldo de Queiroz de. (org.). A Virgem Maria – 58 Catequeses do Papa sobre Nossa Senhora/ Papa João Paulo II. Lorena: Cléofas, 2006.
CARVALHO, César Augusto Saraiva de; CARVALHO, Mara Lúcia Figueirêdo Vieira de. Totus Tuus – Manual de Consagração a Jesus por Maria Santíssima (Método de São Luís Maria Grignion de Montfort).




 
 


Maria Cristina é membro aliança nível 2, casada e mora no Condomínio Mãe de Deus.

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