sexta-feira, 30 de março de 2012

Nossa Senhora e a Paixão de Cristo




Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: “Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados muitos corações. E uma espada de dor transpassará a tua alma”. (Lc 2, 34-35)

            A profecia de Simeão constitui o segundo anúncio que levará a Virgem a uma compreensão mais profunda do mistério do seu Filho. Tais palavras predizem um futuro de sofrimento para o Messias. Muitos santos meditaram a Paixão de Nosso Senhor, contemplando também o martírio da Ss. Senhora, enquanto o de Cristo se deu na carne, a Imaculada sofrera no coração.
            Para o entendimento desta imensa dor é necessário conhecer o amor que Jesus nutria por sua Mãe e vice-versa, como bem explica São Luís Maria Grignion de Montfort ao dizer que “o novo Adão desceu ao seu Paraíso terrestre, o seio virginal de Maria; o Deus feito homem encontrou a sua liberdade em se ver aprisionado em seu ventre; foi Ela quem o amamentou, nutriu, sustentou, criou e sacrificou por nós e também por meio Dela iniciou os seus milagres”.
            Meditando as sete dores de Maria Santíssima, constatamos que a sua convicção na promessa do Altíssimo a fortalecia em meios aos sofrimentos do Filho, e que cada atitude dela deve ser atualizada em nossas vidas, para a maior glória de Cristo e o efetivo seguimento a Ele.
1)        Profecia de Simeão
A primeira grande dor foi moral ao ouvir o velho Simeão lhe apresentar a espada de dor, Nossa Senhora vai ao ritual da purificação não por necessitar da purificação, mas por obediência a Lei. Diante de Simeão apenas se calou e “guardou todas as coisas no coração” (cf. Lc 2, 19).
Atitude daqueles que confiam incondicionalmente em Deus e na autenticidade do Evangelho. Aprendamos com Ela a Obediência cega a Deus!
2)        Fuga para o Egito
Um terrível massacre aos inocentes do Egito se inicia, e o grande Protetor da Sagrada Família assegura a integridade de sua família. As circunstâncias da fuga evidenciam a atitude daqueles que agem unicamente por Deus, na reta intenção de agradá-lo.
Ela foge do mal, devemos fazer o mesmo em meio às ocasiões de pecado, nas maiores provações pode haver alegria quando se sofre por amor a Deus. Aprendamos com Ela a não medirmos esforços para executar bem aquilo que o Senhor nos pede, clamando pela Sabedoria divina para agirmos com discernimento!
3)        Perda de Jesus no Templo
            Imensa foi a aflição de Maria e José na procura por Jesus, essa atitude nos ensina a buscá-lo sem descanso, especialmente quando “o perdermos” pelo pecado. Essa deveria ser nossa única aflição. Aprendamos com Ela a sofrer pela vontade de Deus, muitos pais retém o chamamento dos filhos para uma vida plena em Cristo, na ilusão de que seus filhos são de sua propriedade, porém o amor natural não pode superar a vontade de Deus. Imitemos a Mortificação universal da Virgem de Nazaré para que o nosso desejo para entrar em conformidade com a divina vontade!
4)        Encontro com Jesus carregando a Cruz
            Podemos afirmar que Nossa Senhora se alegrava com os milagres de Jesus, mas não esquecera um só dia das palavras de Simeão. Aquele que durante trinta anos permaneceu sob seus cuidados, lançava-se agora no mundo propagando a Boa Nova, estando sujeito ao julgamento e perseguição do mundo. Quão grande foi a dor desta Mãe ao saber da traição de Judas, ao contemplar a agonia do Filho no horto das Oliveiras, a tríplice negação de Pedro, a escuta do apelo a Crucificação...
            Quando seus olhares se cruzam no momento em que o Redentor caminha para o Calvário, não existem murmurações. Mais uma vez a Mãe das Dores nos ensina a sofrer bem, unindo os nossos sofrimentos aos de Cristo, de outra forma a tristeza invade a nossa alma, e rapidamente ficaremos absortos pelo grande mal da depressão. Para que a cura aconteça é necessária uma vida de Contínua oração!
5)        Morte de Jesus
            A Mãe de Deus participa da agonia de Jesus de uma maneira indescritível, toda a dor suportada por Cristo na carne, assim dizem os Santos, Ela sofreu no coração. Meditando nas dores de Nossa Senhora cada um encontra alívio para as suas dores! O Senhor Jesus sofreu mais do que qualquer ser humano pela perfeição de sua natureza, e a sua Mãe permanecia de pé suportando toda aquela dor, apenas pela fé.
        Essa dor também nos recorda da necessidade de carregar a Cruz, ninguém se santifica sem o sofrimento. Aprendemos com Ela a Fé viva para crermos que após carregarmos a Cruz herdaremos a felicidade eterna!
6)        Jesus é descido da Cruz
            A morte de Jesus é o ponto culminante da Redenção, Ele assume incondicionalmente os sofrimentos a cada momento. Notemos que o corpo fora entregue num estado deplorável a sua Mãe, que tantas vezes cuidou do Senhor, só que desta vez cuidara do seu Filho morto, consumido de amor à humanidade, com absoluto zelo.
            Na Santa Missa o sacrifício de Jesus se atualiza, aprendamos com Ela a termos o devido zelo, a adoração perfeita e a reverência total ao Corpo de Cristo que nos é oferecido em cada comunhão. Praticando a sua Profunda Humildade reconheçamos a grandeza desse Deus que não cessa de se dar e amar aos seus filhos!
7)        Sepultamento de Jesus
            Jesus havia morrido de uma forma brutal para manifestar o seu amor por nós, deveriam existir no coração daquela Mãe um misto de sentimentos, tamanha e profunda dor, mas com certeza havia uma esperança incondicional na promessa da Ressurreição.
            É preciso esperar muitas vezes o tempo de Deus se realizar em nossas vidas, para tanto olhamos mais uma vez para a Bela Senhora e aprendemos a confiança absoluta na providência divina. Aquele que mais se abandona nos braços do Pai, pode sentir o seu amor. Numa atitude de entrega filial ao Pai, estejamos como a Menina de Nazaré, dispostos a fazer sua vontade, e dizer um sim pleno a sua divina vontade.

            O sentido de nossas vidas deve consistir na maior glória de Deus, e somente Aquela que viveu só para esta causa pode nos ensinar a “fazermos tudo aquilo que Ele nos disser” (cf. Jo 2, 5). Eis o segredo de santidade... Imitar as virtudes de Nossa Senhora, a verdadeira discípula-missionária de Cristo!

Referências:
MONTFORT, São Luís Maria Grignion de. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria. Anápolis: Serviço de Animação Eucarística Mariana, 2002.
AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz de, 1949 – O Socorro da Virgem Maria e as suas sete dores/ Felipe Rinaldo Queiroz de Aquino - 1ª Ed. Lorena: Cléofas, 2010.



Mônica Mariana

Missionária DMD, graduanda do curso de Teologia.







Para citar esse artigo:
Mônica Mariana -  "Nossa Senhora e a Paixão de Cristo"
Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus
http://formacaodiscipulosdamaededeus.blogspot.com.br/2012/03/nossa-senhora-e-paixao-de-cristo.html
Online, 30/03/2012

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